As mudanças climáticas e os debates sobre a necessidade de as empresas se posicionarem diante dos dilemas enfrentados pela sociedade não podem mais ser ignorados. Em outras palavras, os problemas ganharam mais visibilidade, ultrapassando a esfera dos ativistas.
Agora, há uma maior predisposição por parte do público em recompensar ou punir as marcas com base em seu comprometimento com causas relacionadas à sustentabilidade, governança e responsabilidade social. É a pauta ESG, uma sigla em inglês para o termo Environmental, Social and Governance, que ajuda a definir e estabelecer se as práticas de determinada empresa podem ser consideradas ou não, socialmente responsáveis e sustentáveis. A tendência é de que esse assunto se torne cada vez mais proeminente, dado o impacto significativo dessas questões na vida da população.
O Índice do Setor de Sustentabilidade 2023 da Kantar revelou, por exemplo, que mais da metade da população (56%) deixa de consumir produtos de uma marca que não investe em sustentabilidade ou que adota práticas prejudiciais ao meio ambiente e à sociedade.
O estudo destaca a crescente urgência para que as empresas se posicionem sobre suas ações nesse sentido, sendo fundamental que sejam criteriosas para evitar o chamado “greenwashing” — ações de marketing que se autodenominam sustentáveis, mas que carecem de substância.
A pesquisa, realizada no Brasil, revelou que mais da metade dos entrevistados considera enganosas as ações de ESG (Ambiental, Social e Governança) das empresas. Entre outros dados relevantes, 63% dos consumidores buscam marcas com histórico ativo de ações pró-ESG, 77% acreditam que as empresas têm a responsabilidade de tornar a sociedade mais justa, e 67% defendem que as marcas devem se responsabilizar por resolver problemas climáticos e sociais.
Impacto ESG no varejo
O estudo Impacto ESG no Varejo, conduzido pela Mosaiclab para o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), destaca que a conscientização sobre o tema aumentou de 50% em 2022 para 62% em 2023, embora apenas 15% dos entrevistados afirmem adotar práticas benéficas para o planeta no dia a dia. A análise das diferentes percepções, considerando o perfil socioeconômico do público, revela que o conhecimento sobre ESG varia, sendo mais elevado na classe A.
Frente a esses dados, percebe-se uma oportunidade para as empresas atuarem no campo da educação, adotando iniciativas que ajudem a população a desempenhar seu papel nesse contexto. Ações efetivas em ESG têm se mostrado determinantes para influenciar a decisão de compra, especialmente entre consumidores da geração Z. O combate ao desmatamento e os incentivos ao reflorestamento são temas de destaque, e mais da metade dos entrevistados estaria disposta a pagar mais por produtos ou serviços que realizem ações efetivas em ESG.
As iniciativas do varejo também são analisadas, destacando-se a busca dos consumidores por incentivos para práticas conscientes de consumo, descarte responsável e maior utilização de materiais recicláveis ou sustentáveis. Nas esferas social e de governança, o respeito aos direitos humanos é valorizado, assim como a ética, transparência e segurança digital na proteção dos dados dos clientes.
Apesar do debate sobre ESG existir há mais de 20 anos, as empresas ainda carecem de iniciativas abrangentes nesse sentido. É hora de mudar! Vamos juntos?