Mais 2 milhões de m2 de armazéns no ES nos próximos 5 anos

O setor logístico capixaba prevê dobrar a atual capacidade instalada de armazéns no Espírito Santo nos próximos cinco anos. Hoje, são 2 milhões de metros quadrados já edificados e em operação. Os projetos de galpões seguem o conceito é o Triple A, com alto padrão de qualidade, eficiência energética e tecnológica. É que os incentivos fiscais concedidos pelo governo do Estado nas últimas décadas alavancaram o comércio exterior capixaba que, por consequência, movimentou todo o setor, demandando área para armazenagem dos produtos.

“Existem várias vantagens de se investir em galpões no Espírito Santo. A localização estratégica, com acesso fácil a importantes rotas rodoviárias, ferrovias e portos, o que facilita a logística; a indústria diversificada, com petróleo, siderurgia, madeira, papel e outros; o baixo custo de operação, se comparado a outros estados; políticas de incentivos fiscais; mão de obra qualificada; grandes empresas de logística e e-commerce que já operam no Estado. Outro ponto é a segurança do Espírito Santo. O número de roubo de cargas é infinitamente menor do que no Rio de Janeiro e em São Paulo, que são os principais destinos de carga”, comentou Wilson Missagia Calmon, diretor de novos negócios na Lotes CBL e conselheiro da Nazca Advisors e de diversas outras empresas.

Presidente do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Estado (Sindiex), Sidemar Acosta reforça que o “boom” dos galpões logísticos no Espírito Santo nos últimos dois anos se deu, principalmente, por causa da prorrogação dos incentivos fiscais até 2032. Segundo ele, esses investimentos, concentrados em cidades como Serra, Cariacica e Viana, são frutos da segurança jurídica e também do reconhecimento do Espírito Santo em ser um hub logístico brasileiro.

“Temos, no Espírito Santo, um cenário cada vez mais favorável para atração e instalação de novas empresas. Nosso Estado tem se destacado na importação de aeronaves, automóveis e máquinas/equipamentos, fortalecendo a economia local, e tem investido em tecnologia e inovação, com uma boa gestão fiscal e ótimos benefícios para que as empresas se instalem por aqui. Além disso, o Espírito Santo está em uma localização privilegiada, a um raio de mil quilômetros dos principais centros consumidores do País. Para completar, conquistamos, recentemente, a convalidação dos incentivos fiscais, que traça uma perspectiva de mais 10 anos para o desenvolvimento da nossa infraestrutura logística. Os projetos estão saindo do papel, na área portuária e logística, e tudo isso contribui para que continuemos firmando o Espírito Santo como referência para o ambiente de negócios e investimentos no País”, ressaltou.

Nos últimos anos, companhias brasileiras e multinacionais de grande relevância – Amazon, Madeira Madeira, Whirlpool (das marcas Brastemp e Consul), CeVa (que opera a Sephora), a BRF (das marcas Sadia, Perdigão e Qualy) – instalaram centros de distribuição no estado, estimulados pela localização estratégica e incentivos fiscais.

Além disso, hoje, o Espírito Santo tem uma das menores taxas de vacância – indicador que representa a porcentagem de imóveis não locados – de galpões do Brasil. Segundo o Radar Imobiliário da Apex, que monitora os indicadores do mercado imobiliário no estado, na Serra e em Viana, dois principais hubs logísticos capixabas, a disponibilidade de galpões logísticos é baixa: a taxa de vacância é de apenas 6,34% e 4,92%, respectivamente.

Diante de tudo isso, novos investidores estão chegando, como a Private Construtora, que vai construir o maior condomínio logístico do Brasil no Contorno do Mestre Álvaro, na Serra. É o Private Log, que terá mais de 620 mil metros quadrados de área bruta locável. Segundo a empresa, que é capixaba, com um investimento de R$ 2 bilhões, o complexo foi desenvolvido para atender à crescente demanda do setor, incorporando soluções modernas e sustentáveis alinhadas às principais tendências globais de construção verde.

Até o Grupo Silvio Santos – holding que reúne, além do SBT, empresas nos setores de cosméticos, de capitalização, mídia e comunicação, incorporação imobiliária e hotelaria – anunciou a transferência da operação logística da marca Jequiti de São Paulo para o Espírito Santo. Toda a operação deve ser concluída ainda no primeiro trimestre deste ano. “A troca foi feita para melhorar a logística e administração da empresa de cosméticos da família Abravanel”, diz a nota.

Desde sua fundação, em 2005, a Jequiti Cosméticos ocupava galpões no CDT da Anhanguera, sede do SBT em Osasco, na Grande São Paulo, para a logística de envio de materiais para consultoras e clientes, como perfumes e loções. Com a mudança, a parte administrativa foi para Barra Funda, em São Paulo, e o centro de distribuição agora ficará localizado no Espírito Santo. A transferência, segundo o grupo, foi impulsionada por uma “estratégia voltada ao crescimento sustentável”, buscando atender todo o país com maior eficiência logística.

Confira abaixo alguns dos investimentos já confirmados na Serra, em Viana e Cariacica.

Maior condomínio logístico do País

O maior condomínio logístico do Brasil será construído no Contorno do Mestre Álvaro, na Serra. É o que promete a Private Construtora com o Private Log, que terá mais de 620 mil metros quadrados de área bruta locável. Segundo a empresa, que é capixaba, com um investimento de R$ 2 bilhões, o complexo foi desenvolvido para atender à crescente demanda do setor, incorporando soluções modernas e sustentáveis alinhadas às principais tendências globais de construção verde. O empreendimento supera o Centro Logístico Cajamar e também o GLP Guarulhos II, ambos no estado de São Paulo. As obras têm previsão de serem iniciadas em julho deste ano e devem ser concluídas em quatro anos. O complexo Private Log – em um terreno de 1,5 milhão de metros quadrados, comprado por R$ 378 milhões – terá quatro naves de galpões (totalizando 606 mil metros quadrados), um prédio comercial, um posto de gasolina, um heliponto, um outlet e restaurantes.

No site do empreendimento, a Private apontou que a escolha do Estado para a implantação do projeto considerou fatores estratégicos ligados à infraestrutura e logística. O Estado está conectado a 70% do PIB brasileiro dentro de um raio de 1.200 quilômetros, o que facilita o escoamento de mercadorias e a distribuição para diferentes mercados. Também está próximo de portos a exemplo de Porto de Vitória, Portocel e Porto da Imetame, e também grandes empresas como Vale e Suzano.

Complexo de destaque no Espírito Santo

O maior conjunto de galpões industriais do Espírito Santo será inaugurado este ano no município da Serra. Com investimento total de R$ 400 milhões, o Complexo Serra Log ficará localizado em Campinho da Serra, próximo à BR-101. Ao final de todas as etapas, terá 200 mil metros quadrados de área construída. O condomínio logístico é fruto do investimento de um dos fundadores do Grupo Fortlev.

Serra se firma como hub logístico capixaba

Nos últimos anos, a Serra recebeu grandes investimentos logísticos. Em 2021, a gestora Vinci Partners investiu R$ 286,9 milhões na compra do Porto Canoa LOG, que possui 93,7 mil m² de área bruta locável e, na época, se tornou um dos principais centros de distribuição do Grupo Boticário no Brasil.

Em 2024, a Apex Partners lançou seu primeiro condomínio Logístico, o Apex Log Pitanga, que teve investimento de R$ 118 milhões. O complexo foi construído em um terreno de 106 mil metros quadrados, com uma área bruta locável de 35 mil metros quadrados. Segundo o Radar Imobiliário da Apex, que monitora os indicadores do mercado imobiliário no Espírito Santo, o total de ABL (Área Bruta Locável) cresceu 12,9% no segmento logístico do estado, do 2° trimestre de 2023 para o 2° trimestre de 2024. Na Serra, a disponibilidade de galpões logísticos é baixa: a taxa de vacância – indicador que representa a percentagem de imóveis não locados – é de apenas 9,42%.

Galpões de alto padrão em Cariacica

No momento, a TX está construindo o condomínio logístico Areia Branca, às margens da Rodovia do Contorno, em Cariacica, com previsão de conclusão no segundo semestre de 2025. Da área total de 320 mil metros quadrados, 170 mil m² vão ser destinados à área bruta locável (ABL), em padrão Triple A.

Empresa investe R$ 70 milhões em mais uma etapa

As obras da segunda fase do empreendimento complexo logístico Raizz Viana, da desenvolvedora imobiliária Raizz Capital, estão previstas para começarem este ano e vão demandar um investimento de R$ 70 milhões. A previsão é de que fiquem prontas até setembro de 2025. Serão construídos 32 mil metros quadrados de área bruta locável, com galpões seguindo o conceito triple A, com pé direito superior a 12 metros e pisos nivelados a laser.

A primeira fase do empreendimento, inaugurado no final de agosto de 2024, recebeu cerca de R$ 100 milhões em investimentos e está 100% ocupada. Este é o segundo empreendimento do grupo na região de Viana. O primeiro foi o Extrafruti. Localizado em Areinha, os armazéns do Raizz Viana estão próximos das principais rodovias que cortam o Espírito Santo: as BRs 101 e 262, e perto  dos portos da Grande Vitória.

Investimentos em Viana e Serra

A OSA é uma das desenvolvedoras locais que nasceram na esteira da expansão dos galpões logísticos, com investimentos em Viana e Serra. Os primeiros dois projetos da empresa fundada no passado mostram o apetite da turma: serão R$ 94 milhões em investimentos. O maior deles, o LOG 101, um aporte de R$ 62 milhões, já está com a terraplanagem em andamento. Ficará em um terreno de 42 mil m², em Porto Canoa, Serra, e terá uma área bruta locável de 25 mil m².

O segundo, OSA Viana Log, no bairro Soteco, receberá um aporte de R$ 32 milhões. O empreendimento será do modelo BTS (built to suit), construído da forma como o locatário quer.

O galpão de Viana, com 10 mil m² de área construída, será ocupado pela Rodoviário Camilo dos Santos, transportadora de Juiz de Fora (MG). A operação começa em 2025.

Movimentação e empregos

Viana, cidade reconhecida como a Capital Estadual da Logística, vai receber o novo Centro de Distribuição da Gulozitos, famosa fabricante de chips, pipoca doce e salgadinhos. O polo será responsável por abastecer o mercado capixaba e do Nordeste do país. Com mais de 3.500 metros quadrados de área, o empreendimento chega para garantir oportunidades com a geração de empregos.

Saiba mais – Raio X do setor!

Arrecadação de impostos: o setor atacadista respondeu por 30% da arrecadação de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2024. E essa fatia ainda pode aumentar neste ano. Dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) apontam que, até agosto do ano passado, a arrecadação do setor atacadista foi de R$ 4 bilhões, do total de R$ 13,8 bilhões de ICMS arrecadado pelo Estado.  E, em um ano, o crescimento na arrecadação foi de 30%, visto que, entre janeiro e agosto de 2023, o setor arrecadou R$ 3 bilhões.

Novas empresas: a previsão, na avaliação do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Estado do Espírito Santo (Sincades), é que o Estado receba, pelo menos, mais de 200 empresas nessa área até o fim de 2025, o que também pode ajudar a aumentar a arrecadação de impostos em 30%. O setor atacadista contava, até agosto de 2024, com 2.544 empresas, contra 2.247 em 2023, o que representa um crescimento de 13,22%.

Nova lei: o setor atacadista também foi beneficiado com uma nova lei, sancionada em setembro, que modifica as regras do programa de incentivo fiscal Compete Atacadista, que favorece 1,5 mil empresas que atuam em solo capixaba. A principal mudança trazida pelo projeto é a possibilidade de os atacadistas domiciliados no Espírito Santo optarem pela apropriação de crédito presumido, ao invés do estorno do débito, conforme previa a legislação anterior, de forma que a carga tributária efetiva resulte no percentual de 1,10%, oferecendo maior simplicidade e segurança jurídica a esses contribuintes.

Atrativos: um atrativo, principalmente para empresas que operam com importação e exportação, é a estrutura dos portos secos do Estado. Os três em operação no Espírito Santo, também conhecidos como Estações Aduaneiras Internas (EADIs), possuem, juntos, mais de 1,5 mil metros quadrados de área de armazenagem e correspondem a 15% do total da área alfandegada no Brasil.Desta forma, segundo o Sindiex, a retroárea capixaba é a maior em área contígua entre as unidades federativas. Na armazenagem de paletes em regime aduaneiro e por tipo de negócio, por exemplo, os portos secos do Estado possuem 74.054 posições. Em armazéns gerais, são 15.600 posições. Para veículos e máquinas em pátio aduaneiro, 43.700. Somada a toda essa infraestrutura, as EADIs estão a 10 quilômetros do aeroporto de Vitória e a 24 quilômetros do complexo portuário.

Galpões e projeções: o setor logístico capixaba prevê dobrar a atual capacidade instalada de armazéns no Espírito Santo nos próximos cinco anos. Hoje, são 2 milhões de metros quadrados já edificados e em operação.

Fonte: Sincades, Sindiex, Sefaz, empresas citadas e pesquisa.

Compartilhe!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *